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Definição de metas organizacionais relativas
Existem práticas empresariais que fomentam diversidade indiretamente, muitas vezes até além da nossa capacidade de enxergar relações. Uma delas é a forma como estabelecemos metas para as nossas organizações.
Meritocracia, a princípio, deveria ser favorável à diversidade, já que pressupõe que quem entrega a melhor performance deveria ter benefícios em promoções, bonificações, remuneração, entre outros.
Mas, como já sabemos, vieses inconscientes são parte da nossa realidade e da nossa prática – e o stabelecimento de metas não está isento disso. As metas estão vulneráveis a favorecer inconscientemente os grupos que nos assemelham – por exemplo, entregamos os melhores clientes ou regiões, que não queremos perder, àqueles que acreditamos ser os nossos melhores vendedores. Como clientes já estabelecidos são mais fáceis de efetuar compras do que novos clientes, usamos uma régua diferente para grupos diferentes. Supondo que a decisão inicial foi enviesada, cria-se um ciclo negativo de discriminação sem que se perceba.
Para evitar o risco, organizações precisam desenvolver metas organizacionais relativas a indicadores externos ou performances anteriores equivalentes, para que seja possível comparar o mesmo tipo de atividade.
COMO IMPACTA
- GERA COMPARAÇÕES DE PERFORMANCE COM BASE EM REFERÊNCIAS ISENTAS, COM BAIXO RISCO DE FAVORECIMENTO A UM GRUPO DE AFINIDADE;
- REDUZ O RISCO DE FAVORECIMENTO POLÍTICO E AMPLIA O FAVORECIMENTO DO TALENTO REAL,
DICAS PARA IMPLEMENTAR
No exemplo abaixo, quem teve a melhor performance?
- Quem vendeu 10% acima do ano anterior em uma região onde a atividade econômica cresceu 12% ou;
- Quem cresceu 5% em relação ao ano anterior em uma região que apresentou crescimento negativo?
A maioria das organizações estabelece suas metas em relação a uma performance desejada, sem compreender ou considerar variáveis que a influenciam. No caso acima, seria fácil, sem a referência externa (atividade econômica), dizer que o vendedor que atingiu 10% de crescimento foi melhor que o segundo (com 5% de crescimento). Mas, na verdade, o primeiro contou com a ajuda de uma região economicamente vibrante, enquanto o segundo não (apesar de vender 5% acima em uma região decrescente economicamente).
Para evitar essas armadilhas que privilegiam quem navega politicamente bem nas organizações – usualmente grupos tradicionalmente privilegiados em dentrimento de grupos minorizados – organizações precisam encontrar metas relativas que revelem a melhor performance de fato. Algumas regras podem simplificar o processo:
Sempre buscar referências externas que relativizem a performance por algo que a impacte:
- Para vendas: o crescimento acima de concorrentes ou acima da performance econômica do setor ou de uma região, por exemplo;
- Para produtividade: ganhos de produtividade comparados com os de concorrentes.
- Para metas de custos: comparar com preços ajustados pela inflação/deflação de insumos (por exemplo, custo mais baixo de insumos devido ao preço menor de commodities não tem relação alguma com o quanto uma área performa);
- Para projetos: comparar com implementações semelhantes em empresas que iniciaram projetos de mesma complexidade.
Quanto mais relativas forem as metas estabelecidas em um negócio, mais prestigia a competência de fato e se reduz o risco de prejudicar pessoas que não pertencem a grupos privilegiados.